domingo, 20 de novembro de 2011

Testes e exames nos recém-nascidos

Nas minhas leituras pré-paternidade, descobri que há exames importantes a serem feitos nos recém-nascidos, que detectam uma série de doenças e problemas que devem ser tratados o quanto antes. Os mais famosos são os testes da orelhinha, do pezinho e do olhinho. Mas existe ainda o teste do coraçãozinho. São exames simples, que aumentam as chances de cura de doenças e problemas se diagnosticados logo após o parto.

O teste da orelhinha – chamado Emissões Otoacústicas Evocadas ou Triagem Auditiva Neonatal – pode detectar se o bebê tem alguma perda auditiva e, neste caso, pode prevenir algum problema no desenvolvimento da fala e da linguagem. Estudos indicam que bebês com problemas auditivos que tenham intervenção fonoaudiológica adequada até os seis meses de idade podem desenvolver linguagem muito próxima a de uma criança ouvinte.

Esse teste é obrigatório, e gratuito, desde o ano passado, por força da lei federal 12.303/2010. Ele é realizado no segundo ou terceiro dia de vida do bebê, e consiste na colocação de um fone na orelha do bebê, acoplado a um computador que emite sons de fraca intensidade e recolhe as respostas que a orelha interna do bebê produz.

Já o teste do pezinho (Teste de Guthrie) avalia se o bebê tem doenças metabólicas, genéticas e infecciosas, mesmo antes do aparecimento dos sintomas, que poderão causar seqüelas irreparáveis no desenvolvimento mental e físico da criança. O teste do pezinho é obrigatório, e gratuito, nas maternidades de todo o Brasil desde 1983, por força da Lei 3.914/83.

Esse teste, chamado também de triagem neonatal, é um exame laboratorial, cuja coleta do sangue é feita a partir de um furinho no calcanhar do bebê, que é uma região rica em vasos sanguíneos. E o furo, por incrível que pareça, é quase indolor, mas a dor ainda é uma sensação nova para os bebês e por isso eles choram. Esse exame só deve ser feito após 48 horas do nascimento (para não sofrer influência do metabolismo da mãe), mas antes de 7 dias de vida.

Existem diferentes tipos de teste do pezinho. O SUS, por meio do Programa Nacional de Triagem Neonatal, cobre a identificação de até quatro doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme e fibrose cística. Infelizmente nem todos os estados realizam os quatro testes.

Hoje já existe uma versão ampliada, e subdividida, do teste do pezinho, em que é possível identificar mais de 30 doenças. Quanto maior o número de doenças detectadas, mais caro é o exame, e não é coberto pelo SUS. Porém, exames complementares podem ser realizados com o sangue do papel filtro do teste do pezinho. Entretanto, um resultado normal, seja no teste ampliado ou não, não afasta a possibilidade de outras doenças neurológicas genéticas ou adquiridas, como por exemplo a síndrome de Down.

Importante: não se esqueça de buscar o resultado e, caso haja alguma alteração, leve o teste para o pediatra examinar. E não se preocupe se tiver de repetir o exame, situação muito comum, quando, por exemplo, o teste é realizado antes das 48 horas de vida.

O teste do olhinho (ou o teste do reflexo vermelho) serve para detectar doenças como a retinopatia da prematuridade, catarata congênita, glaucoma, retinoblastoma, infecções, traumas de parto e até cegueira (que atingem cerca de 3% dos bebês). Ele deve ser realizado em bebês na primeira semana de vida, preferencialmente antes da alta da maternidade. O teste é bem rápido, com duração de dois a três minutos, e consiste de uma fonte de luz que sai de um oftalmoscópio (uma “lanterninha”), onde é observado o reflexo que vem das pupilas. Quando a retina é atingida por essa luz, os olhos saudáveis refletem tons de vermelho, laranja ou amarelo. Caso contrário, não é possível observar o reflexo ou sua qualidade é ruim, esbranquiçada. A comparação dos reflexos dos dois olhos também fornece informações importantes, como diferenças de grau entre olhos ou o estrabismo.

Importante: os pais devem observar as fotografias de seus filhos e, se em vez do reflexo vermelho que aparece nos olhos aparecer uma mancha branca, procure um oftalmologista. Essa dica, aliás, já circulou por e-mail há muito tempo.

Já o teste do coraçãozinho (Oximetria de Pulso), igualmente importante, pode até salvar a vida de bebês que nascem com defeitos cardíacos. O teste é feito por meio de uma pulseira que mede a concentração de oxigênio no sangue (nível abaixo de 95%, a investigação de problema cardiológico deve ser aprofundada). Esse teste detecta problemas no coração antes mesmo de aparecerem sintomas, e leva menos de 5 minutos. Ele deve ser feito nos membros superiores e inferiores do bebê ainda no berçário e após as primeiras 24 horas de vida, antes da alta hospitalar. Geralmente, um a cada 130 bebês pode apresentar alterações cardíacas congênitas, como buracos entre as câmaras do coração e defeitos na válvula cardíaca. Dani trabalha na pediatria de um hospital cardíaco e sabe bem como são sofridas essas situações.

Aliás, conversei uma vez com o Dr Ivan sobre o Ecocardiograma fetal, exame recente na obstetrícia. Segundo ele, o exame ainda traz resultados pouco conclusivos. Explico: todos os problemas que o Ecocardiograma fetal venha a detectar podem ser sanados pela natureza logo após o parto. E problemas que não existiam no feto podem surgir depois do nascimento. E Dr Ivan nos deu uma aula, que não me lembro, das alterações que o coração e todo o aparelho circulatório sofrem quando o bebê nasce. É assustador, e incrível. Logo, tal exame só se justifica. para ele, se o médico desconfiar de que há algo errado com o coração do feto (Dr Ivan passa um bom tempo ouvindo o coração do Lucas em todas as consultas). E como a Dani ainda está correndo risco de parto prematuro, tomando remédios inclusive, não faz sentido submetê-la a exames sem necessidade. Por isso, também, existe o teste do coraçãozinho logo após o nascimento, para ver se todas as alterações cardíacas do organismo do bebê foram perfeitas.

Aliás, a AACC Pequenos Corações iniciou os pedidos de um projeto de lei para que o teste do coraçãozinho se torne obrigatório no Brasil. Porém, pelo que andei pesquisando, esse teste é pouco difundido no país.


Além dos testes acima, temos o Teste de Apgar, uma maneira simples e eficiente de medir a saúde do recém-nascido e de determinar se ele precisa ou não de alguma assistência médica imediata. É normal que o médico faça a avaliação do bebê sem que os pais se quer percebam. Esse procedimento passou a ser rotineiro após os partos desde que a anestesiologista Virginia Apgar o desenvolveu, em 1952. Um minuto após nascer e novamente aos cinco minutos de vida fora do útero, seu bebê será avaliado da seguinte forma:

• Frequência cardíaca
• Respiração
• Tônus muscular
• Reflexos
• Cor da pele

Cada um destes itens recebe uma nota entre 0 e 2 para se chegar a um total geral (nota máxima 10). Grande parte dos recém-nascidos recebe entre 7 e 10, não requerendo nenhum tratamento imediato.

Os pais podem perguntar ao médico na sala de parto qual foi a nota do bebê. Se a primeira não tiver sido muito alta, não se desespere, porque a segunda, depois de cinco minutos, costuma ser maior e mais tranquilizadora, já que a criança se recupera rápido do estresse do parto. Em caso de dúvidas, converse com o pediatra.

2 comentários:

  1. Excelente post. Estou me pautando muito pelo blog do Lucas, que nos ajuda a nortear o caminho da Marina. Só faria uma observação sobre o exame EcoFetal. A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que esse exame seja realizado de rotina no pré-natal em todas as gestações. Hoje no SUS ele não é coberto, infelizmente. Apenas por indicação médica. Em um futuro próximo, será mais um exame quase obrigatório. Abraços

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  2. Concordo 100% com o Dr. Ivan, se a Dani estava de repouso ela não deve fazer este exame mesmo. Abraços!

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